Panorama geral
Cerca de quatro milhões de pessoas vivem atualmente sob controle ou influência direta do crime organizado na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o que corresponde a 34,9% da população local. O dado integra a nova edição do Mapa Histórico dos Grupos Armados, elaborado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (GENI/UFF) em parceria com o Instituto Fogo Cruzado. O levantamento também aponta que 8,1% de toda a área urbanizada da região está submetida a algum tipo de domínio armado.
Distribuição territorial
De acordo com o estudo, o Comando Vermelho (CV) é hoje a facção com maior domínio territorial estável. O grupo domina cerca de 150 quilômetros quadrados, o que representa 47,5% de todo o território sob domínio direto no estado, mantendo sob sua autoridade aproximadamente 1,6 milhão de moradores. A pesquisa também indica expansão do CV, especialmente desde o colapso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e da crise fiscal entre 2016 e 2020.
Áreas de influência e retração de milícias
Quando se consideram as áreas de influência — utilizadas para circulação armada, exploração econômica e imposição parcial de regras — as milícias superam o CV em extensão. Esses grupos atuam em 201 quilômetros quadrados, correspondentes a 49,4% das áreas controladas ou influenciadas, afetando a rotina de mais de 1,7 milhão de pessoas. Apesar disso, a atuação das milícias vem apresentando retração nos últimos anos após operações policiais de grande impacto, incluindo a morte de líderes históricos e prisões de chefes do grupo.
Estratégias de expansão
O levantamento aponta que as estratégias de expansão diferem entre os grupos. Enquanto as milícias avançam principalmente pela colonização, ocupando áreas de urbanização recente e explorando serviços como internet clandestina, gás e transporte alternativo, as facções do tráfico avançam pela conquista, substituindo rivais em territórios já estruturados — movimento normalmente marcado por confrontos armados.
Desigualdades e perfil socioeconômico
Além do impacto territorial, o estudo aponta que o domínio do crime reforça desigualdades sociais e raciais. Nas áreas sob domínio de grupos armados, a renda per capita média é de R$ 1.121, contra R$ 1.658 nas regiões livres de domínio criminoso. Também há maior concentração de pessoas pretas, pardas e indígenas nesses territórios.
O estudo foi elaborado pelo GENI/UFF em parceria com o Instituto Fogo Cruzado e integra a edição mais recente do Mapa Histórico dos Grupos Armados.







